Amália Rodrigues
(fadista portuguesa, 1920-1999)
1ª Mensagem, 30/11/2012
“Lágrimas no olho, desdém, mal dizer, quase verdade, o meu cantinho, e quando parte era um santo. Coitadinho.
Quando passo não quero olhar para não ter que me lembrar.
Se eu não te ajudar, outro que te ajude.
Eu não fui, não faço ideia.
Quando passas formosa que és, eu espero que ninguém te veja.
A barriga do outro está maior que a minha.
E lá lara, lá lara lá.
Quando estiver na altura de mudar tudo isto, diz-me que eu volto.
Volto pequenina. Muito pequenina.
Para poder ver se já estás crescidinho.
E para juntinho a ti de mão dada, ouvir as vozes de tudo nós, dos grandes e dos pequeninos. Dos vazios e dos cheiinhos. Dos gordinhos e dos fraquinhos.
Dos que vêm e dos que ficam em casa.
Que de pernas já não são. De braços foram.
E de voz se silenciaram.”
2ª Mensagem, 20/12/2012
“Eu sei que o tempo cura, mas é preciso ir fazendo alguma coisa.
Eu sei que o candeeiro dá luz, mas é preciso acendê-lo.
Eu sei que a minha voz se ouve, mas é preciso cantar e é preciso tu quereres ouvir … com o teu coração.
Que aborrecimento quando ficamos a olhar uns para os outros sem saber o que fazer, o que pensar … do outro.
Acreditar no que partiu, no que não quero lembrar, no que não oiço em mim? Quem?
Sorrir para que lado? Qual é o lado que eu fico melhor?
Preocupações para quê? Se isso só acontece aos outros!
Feia eu? Mas em que espelho?
Não sabes. Não sabes ainda o que queres ouvir. Para quem sorrir?
Amor Universal. Em que dias?
Com que mão queres que eu te ajude?
O que eu sinto é o que te chega a ti?
Comprar, com que dinheiro? Com o de quem?
Amar, com o meu amor, da minha boca para todos os vossos corações.”
3ª Mensagem, 25/01/2013
“Levar a vida a sério. Fazer tudo a sério.
Com a admiração, com respeito, com orgulho.
Habituados a fazer de qualquer maneira: para desenrascar; pode ser que não vejam; ninguém liga a isso.
Vão chegar assim onde? Ao lugar que estão! Ao nível mais baixo. À pobreza generalizada. Ao pode ser que chegue. Se der, dá.
Estou mais ou menos.
Chegar onde? Com toda esta indefinição, desenrasque, improviso.
Eu depois desenrasco-me!
Não percebes, que para te desenrascares, vais enrascar outros? Ninguém gosta de comprar o mais ou menos. Já te esqueceste que os teus antepassados se orgulhavam do que faziam? Se orgulharam de chegar tão longe? De ter mais coragem só num dedo que agora carregas no corpo todo.
Se não te orgulhares do que fazes; como te vais orgulhar de quem és; de onde pertences?
Se não te orgulhas, estás a ficar senil.
Não podemos viver na velhice antecipada.
O orgulho no teu peito é candeia iluminada. É sangue novo no teu corpo. É energia nova na tua vida.
Olha que tens um país lindo.
Vamo-nos orgulhar de nele viver, sentindo amor no peito.”
Mensagens canalizadas por José e Palmira