António Feio

(ator e encenador Português, 1954-2010)


1ª Mensagem, 08/12/2012   "Parem farsantes”

“Parem farsantes, parem!

Não. Não continuem. Quero conhece-los bem. Quero convosco falar de tudo. Falar do que gostam mais de ouvir, de ouvir do outro. Do outro igual a ti. Do outro e de ti que trocam a verdade da vida, por uns momentos ocos. Em que nem as palermices se aguentam inteiras. Porque um dia tudo se desmorona. Tudo se desconcerta dentro de ti.

As verdades são primeiro nossas. Primeiro têm de ser engolidas, digeridas.

Não torças o que há dentro de ti de melhor. Não me obrigues a ver-te torcido. Chega de misérias. Não abras a boca. Fecha-a, engole-a. Não olhes para mim desse jeito. Não olhes do que sentes.

Quantas vezes passeava percebendo ouvir o que queriam de mim, o que eu queria dizer e na realidade o que sentia.

E nisto andamos. Tontos de pensar que ouvimos, de querer dizer e de desejar sentir.

Se eu fechar muito os olhos, consigo ir para onde?

Para onde desejo? Ou para onde estou indo?

Não empurrem luzinhas lindas. Vamos com calma. Vocês são mesmo uns bacanos! Não estavam melhor a ver uma telenovela? Vocês não estão para aí voltados. E a janta?

Sinto que deste calor que me chega, vos alimenta a alma.

Somos todos tão giros.”

 

2ª Mensagem, 11/01/2013        "Dona seriedade”

“Se a nossa primeira resposta, ao que sai dos outros, for sempre brincalhona.

Quem é que manda na seriedade? Porquê que ela nos dá ordens?

Porquê que controla as nossas vidas e a nossa felicidade?

Que escravatura é esta? Hã, eu nem sequer lhe devo nada. Que compromisso tenho eu com ela? Que compromisso posso ter com um coisa que me faz rugas na cara, me deixa mal disposto, e não tem piada nenhuma?

Ai que complicação que arranjamos para todos. É que são todos empregados dela. Das suas ambições de nos chupar o mais sério que temos em nós. A alegria de viver. Tira daí essas luvinhas*. Continua, contínua está quentinho.

Quem não gosta de coisas quentinhas? Como as gargalhadas. Aquece-nos o rosto, o corpo e a alma. E depois dá-nos aquele aspeto lindo que até parece que esquecemos as dívidas, as chatices.

O que a nossa energia conhece é a vibração da alegria. Não as preocupações da mente. E quem não gosta de esquecer qualquer dívidazinha?

Um dia saí à rua tão sério. Pensei levar um dia sério a valer. Preocupado com tudo meu, dos meus vizinhos e da terrinha. Durante o dia foi uma treta. No fim estava tão pesado, carregado que precisava de umas férias prolongadas. No outro dia fiquei em casa pensando se aquilo tinha funcionado, e fartei-me de rir com tantas nossas patetices.

Patetices sérias, da dona seriedade.

Fico mais importante, sendo sério de preocupado?

Sério da possibilidade esquecida de ser alegre? De ser feliz?

Pensem nisto e despeçam-se.

Sejam livres a decidir o que é melhor para vós.

Não falem com os tristes, não lhes liguem nenhuma e vão ver que eles se vão fartar de rir.”

*as mãos dos terapeutas

 

3ª Mensagem, 06/02/2013        "Funcionar verdade”

Aí em baixo prefiro continuar a rir para que não me façam chorar.

Porque o envolvimento é tão grande que me incomoda. Rir sem vontade de rir, chorar por obrigação, agradecer por conveniência, apoiar porque dá jeito, são estas todas, os trocadilhos das nossas vidas. É isto que nos impede de ser feliz. Como nós maltratamos o nosso coração e a nossa energia.

A necessidade urgente de falar, pensar, agir verdade.

A urgência de funcionarmos segundo a verdade que somos.

Todo o nosso sistema deve viver segundo a energia que produz.

E não trocas e baldrocas.

Nós para mudarmos, precisamos primeiro aumentar a consciência da nossa própria realidade, da frequência que vibramos.

Senão levamos a vida a enganar a nossa energia.

Sentimos de uma maneira e agimos de outra.

Sentir, pensar verdade, falar verdade e agir verdade.

Quando aumentarmos a consciência da nossa realidade, percebemos melhor a pressa de mudar, a urgência de evoluir.

Despachem a coisa, sejam realmente sérios, para a gente nos fartarmos de rir.”

Mensagens canalizadas por José e Palmira