Bernardo Sasseti

(compositor e pianista português, acidente 2012)
1ªmensagem - 01/03/2013 “Vocês não acordam”
"O que é a revolta que não tem fundamento? Que nome é que tem? Porquê?
Porque não me deixa?
Vocês deixam-me a vociferar. Tinha que sair. Tinha que parar. Tenho que respirar. Passou.
Fica tristeza, incapacidade, não compreensão.
Se não ficássemos o tempo todo a responsabilizarmo-nos. A viver a responsabilidade. A ser responsabilidade.
Não há espaço para respirar. Não se poderá aprender a viver do sol e da lua? Dos prazeres da terra e do mar. Da ternura dos dias. Que vem logo o toque do carteiro, do telefone, lembrando que somos gente de casos, de tarefas, de afazeres, de responsabilidades, gente atulhada de vida bloqueada, de cabeça presa, de respiração sufocada.
Respirem todos senão vocês morrem. Morrem aos poucos. Presos por tanta coisa.
Quem é que vos chega perto e diz: dia de folga, não tens nada para fazer. Ou melhor, de manhã barriga ao sol, à noite cantares de lua.
Suspiro, suspiro. Tenho receio por todos vocês. Agarrados à não vida. Porque sofrer, azedar, irritar, complicar, chorar, não é vida.
Isso é uma palermice inventada pelo homem para se sentir mais homem que o outro.
Quando vão vocês entender que isto está tudo torcido?!
Claro que nós assim não aguentamos.
Tantas diferenças no ganhar, no gastar. Uns valem tanto e outros nada.
Quem é que estipula isto? Porquê que o tempo de alguns é mais importante que o dos outros? Quem considera o importante ser e o nada valer? Quem?
Quem são vocês que fazem as pessoas sofrerem, para debaixo da ponte não viverem?
Porquê que esse quadro vale mais que o suor de tantos?
Porquê que essa pedra vale mais vidas, mais sangue, mais suor?
Não entendem que não podemos continuar a dar valor oco às coisas e a certas pessoas?
Isto vai romper.
E quando isto acontecer muitas vidas irão perecer.
Não vamos enumerar. Ainda me irritaria mais. E a minha irritação não vale de nada.
Porque uns não entendem e outros não querem perceber.
As coisas não podem ter o valor dos interesses de alguns.
Meia dúzia de tijolos não podem valer tantos dias longe da família, longe da vida. Não ter que comer para pagar tijolos a preço de ouro. De ouro dos que têm, que controlam os diamantes de usar.
Não entendo porquê que as coisas são mais valiosas que a vida, que os homens?
Porquê que o carinho de um pobre não vale nada, e o sorriso torcido do senhor vem na primeira página do interesse estampado?
Não têm vergonha na cara? Ficam gordos e balofos de tanto pensar como isto continuar.
Quando acordamos todos?
Todos somos gente de encantar, os parvos e os espertos. Os que não têm outra maneira e os que maneiras estudam para esta coisa monstruosa nos sugar.
Falta-me o ar. Não entendo.
Não entendo porquê que vocês não acordam.
Vocês pagam gasolina dourada para poluir o ambiente. Não têm vergonha?
Não têm respeito pelo ambiente?
Há formas de os carros se deslocarem sem poluir.
Porquê que temos que continuar a encher os cofres dos gordos para a terra se lixar?
Assim vamos todos ficar lixados. Já estamos.
E depois vêm discursar que defendem o meio ambiente. O meio da hipocrisia!
O meio da falta da vergonha. Da falta do orgulho de ser gente de bem, de respeito, de orgulho.
Nós podemos ser gente de encantar.
Quando falares ao teu amigo do miúdo descalço e do ator muito famoso com igual carinho. Com o mesmo respeito.
Se tu não começares. Como podem mudar os que querem só aproveitar a tua ignorância?
A tua vaidade de te quereres comparar ao ator famoso, rico. E de te envergonhares do descalço, do que fugiu à tua prisão.
Do levanta, trabalha, come, responsabiliza, afazer, sem descanso, sem ver quem gosta; paga e contínua; até quando?
É que viver em ignorância a ser chupado, não é evolutivo nem para uns, nem para os chupões.
Talvez esta luz que me chega vos abra a cabeça.
Por favor, escutem-nos."
2ªmensagem - 04/04/2013 “Compor com a alma”
“Todos escrevem, compõem o que lhes vai na mente, no coração ou na alma.
O que lhes vai na mente. As rotinas do dia-a-dia, as suas interrogações, os seus medos, tragédias.
O que lhes vai no coração. Os desejos carinhosos de ver a vida tranquilamente vivida.
O que lhes vai na alma. Quem toca por eles?
Vêm aqueles sons maravilhosos, que atravessam fronteiras da terra e dos tempos, de dentro deles?
Como pode o coração ou a mente ir tão longe? Chegar a obras primas jamais imaginadas, jamais repetidas, guardadas de modo sagrado.
É possível a mente humana, desenvolver tanta imaginação com algo que comunica de níveis desconhecidos para nós, onde a sabedoria é infinita?
Como conseguir mais obras destas recolhidas pela alma?
Como colocar todos os que se entregam à criação, em contacto com a sabedoria do Universo?
Já todos percebemos, que há obras que atravessam todos os tempos e estão vivas como na hora, outras mesmo muito boas são esquecidas no dia seguinte.
Porquê que o homem está incapacitado de compor obras iguais a famosas de tempos passados?
Porquê que compomos o trivial?
Porquê que fabricamos, ouvimos, fazemos o trivial?
O que se passa, vivemos no vulgar?
Num monte de “obras” depois esquecidas, que ninguém quer lembrar.
E vivemos avidamente à espera de obras novas.
Compõem-se quase esquecendo, antes de apresentar.
Nesta energia nova, estarei tentando que me chegue a grande descoberta.
Como vamos nós aprender a descobrir ligados à alma?
Nunca se produziu tanto para esquecer, tanto que não faz vibrar, que faz esquecer.
Estamos a desligarmo-nos de emoções superiores.
Qualquer dia, ninguém quer ouvir ou ver nada. Dizem que é tudo igual.
Como fazer vibrar os corações mais puros? Vou aprender. Vou-vos ensinar.
Vocês vão brilhar!”
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