António M. P.
(suicidou-se com um tiro na cabeça em 2005)
1º Tratamento, 06-11-2012
"Não queiram estar aqui. Não venham onde eu estou. Afastem-se!
Só pertenço ao que fiz. Ao que sou. Vocês deixam-me zangado.
Eu disse zangado e vocês não ouvem.
Eu só quero poupá-los ao que sou. Parem de vir! Porque vêm?
Eu não gostava de os ver a sentir isto. Na realidade já não sei o que sinto. Se é frio, se é calor. É aquele azedo na boca que parece que temos fogo.
Só que aqui eu estou todo dentro disto. Isto é tudo o que eu conheço. E eu não conheço nada. Isto não é nada. Nem já dor é.
Fujam por favor! Não me toquem! Vocês não conhecem os meus horrores. Aqui não se descansa. Aqui só se vive, sem parar, este horror, que não tem palavras.
Vocês não têm medo, porquê? Vocês não ouvem nada.
Onde foi uma parte de mim? Isto agora!
Já não me lembrava. Aqui dói tanto que os pensamentos ardem todos. Já não me lembrava.
Agora sinto dor. Dor do acontecido. Metade de mim sente isso.
Outra aqui, onde não os quero perto de mim. Eu não quero este horror para ninguém.
A outra parte depois daquilo que me aconteceu...Parece andar por aí ou por lá? Parece que era algo que deveria ter feito e não o fiz.
Deveria ter passado na minha mente os meus acontecimentos. Mas foi tudo tão rápido. Não houve sequer tempo. Agora uma parte de mim foge para querer relembrar tudo.
O que fui e o que desejei ter sido.
Vivemos mais tempo a querer ser do que a ser.
Depois vem aquilo. Aquele estrondo que nos corta tudo.
Eu se tentasse, ainda podia ter conseguido ser o que queria, mas eu não me deixei.
Este é o meu horror. Eu vivo o meu horror.
Eu vivo o momento daquilo. Eu fiquei dentro da realidade daquele acontecimento."
(Foi um verdadeiro resgate. Depois ele subiu)
-António
"Era incapaz de estar comigo mesmo. Sem vos agradecer. Sem vos agradecer; a troco de nada.
Ela* colocou a sua energia em risco.
Parece que agora vai começar uma outra vida minha. Sinto que alguma coisa por vós vou fazer, porque vocês fazem-me sentir tudo o que têm para enviar e é muito...
O meu agradecimento parece um balão dentro de mim. Que dia é este? Meu Deus. O que eu disse? Perdoem-me.
Fica convosco uma parte da minha energia. Do meu agradecimento.
A outra a voar... Não sei para onde.
Só sei que para longe daqueles horrores que era eu.
É um dia de festa ou uma festa de vida?"
- Ser de Luz
Vem para o nosso lugar. Há tantos lugares aqui.
Porque aqui cada coração tem uma enorme imensidão.
2º Tratamento, 20/11/2012
"Ensinamentos, aprendizagens banhos de Luz.
Não sabia que merecia tanto. No fundo eu sempre fui agradecido. Agradecido a todos. Eu é que devia ser mais agradecido a mim próprio.
Felizes aqueles que tratam os outros bem. Porque este tipo de tratamento é uma forma de vida.
Viver uma vida de orgulho por aquilo que somos e por aquilo que fazemos é o sonho de qualquer um.
Porquê que o agradecimento não é para sempre? A pessoa está agradecida à outra e pronto. É sempre necessário alimentar o outro para em agradecimento se viver.
Por exemplo, vocês são agradecidos por me ajudar, por terem a oportunidade de ajudar os outros.
E eu nem estou aí para os agradecer. Vocês não vêem o meu agradecimento.
Com vocês é o contrário. Vocês são é pessoas muito agradecidas. Vocês são e pronto.
É um modo de ser e de viver muito interessante. Ter interesse por ser agradecido é mesmo muito importante. Ser, independentemente de se receber ou não.
Parece que ser agradecido é mesmo um estado. A pessoa está tranquila e feliz. E precisa mais do quê?
Acho que nós precisamos de mais do que não é importante para o coração. Nunca me pediram nada para o coração. Bondade, humildade, ternura. Esses alimentos do coração, ninguém me pede.
Só pedem alimento para a barriga. Acho que temos mais barriga do que coração."
- Ser de Luz
"Os bens do coração oferecem-se a quem deseja receber e não é necessário agradecer.
É só ser agradecido."
-António
"Eu acho que vocês falam com o coração. Estou habituado a ouvir falar com a barriga. Eu falo, falava, com o desejo de partilhar o que tinha. O meu era daqueles que lutavam ao meu lado.
Parece-me que se luta demais. Se distribuíssemos mais do coração não seria necessário tanta luta.
Se aí em baixo houvesse um pouco desta consciência.
Porquê que não queremos ter determinadas consciências? A troco do quê? Da barriga?
Será que a barriga alimenta a alma?
É que não percebo, eu aqui não tenho barriga. Eu aqui só tenho alma.
A carícia, por carícia, alimenta me a alma.
É mesmo por isso que vocês são eternamente agradecidos.
Vemo-nos noutra consciência."
3º Tratamento, 26/12/2013
"Querer ser e estar com, quando não se é, e não se está bem com.
Quando deveríamos precisar menos de ser qualquer coisa e querer estar mais connosco.
E quando em nós tudo chegasse de ser importante, de estar com alguém a nosso jeito, e de ter muita coisa agradável para nos aconchegar e não precisarmos tanto de chorar pelos cantos da casa.
Luz que me chega, conforta e me transmite, a consciência, a noção de tudo sentir em mim de tranquilidade.
A questão em causa, a profundidade da nossa consciência. A certeza de uma consciência real. Uma consciência tranquila que caminha serenamente na Luz.
A serenidade de estarmos de mãos dadas, sabendo ao que vimos e contando com quem é igual a nós.
Se eu tiver muita seriedade a sentir o aumento da consciência destas Luzes.
Se eu ficar tranquilamente sentindo este aumento de Luz em mim."
*a Terapeuta
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