Cândido (pai do Terapeuta)

 (do meu querido Pai, para que se vejam as transformações que a Luz ópera)

 

1º Tratamento - 12/10/2012

(Terapeuta)

Um homem esfarrapado, muito velho, desgastado, deitado no chão, de barriga para baixo, batendo com os punhos no chão. 

Coloco as mãos nas costas. Chora, enraivecido, cansado, desgostoso, perdido. 

Senta-se comigo e diz que antes ainda conseguia ir para o trabalho. Agora já não consegue. E sente tamanha angústia porque sente-se igual, com toda a energia de quando ia trabalhar mas agora já não consegue.

A primeira coisa que relembra quando me olha, é a imagem de quando me dava dinheiro às escondidas da minha mãe, quando eu fiquei desempregado. É uma grande revolta dentro de todo aquele carinho de me querer ajudar.

(Cândido)

- E o que sou bloqueado em mim, que nem consigo passar para ti. 

Sei quem és. Mas está tudo fechado dentro de mim. Nem consigo reagir contigo. 

Não consigo colocar as emoções cá fora. 

Vês, as roupas apodreceram e eu só estou mais velho do que quando nos despedimos.

 (terapeuta) 

- Tu tentaste comunicar comigo quando partiste. 

(Cândido)

- Comunicar contigo? Eu falava contigo, mas tu não ouvias. 

Ninguém falava comigo. 

Depois afastei-me um pouco, revoltado, e fiquei. 

Fiquei até hoje. Vejo-te mais velho mas por dentro estás igual. 

Estou a mexer-me melhor. Sabes que tenho andado tão duro? Sabe bem conseguir mexer-me... 

Tu olhas para mim com um olhar diferente. É aquele olhar muito doce quando eras menino.

Sabes? Não percebo nada disto. Vou sentindo mais. Mas tenho andado perdido. Não entendo nada.

As tuas mãos na minha cabeça fazem-me recordar muitas coisas. 

Fazes-me rir, quando vejo tantos acontecimentos na minha cabeça. 

Quando era pequeno. Depois, quando tu eras pequeno. Quando te levava ao colo. Que dizias: "dói-me a perna!". As revoltas no trabalho, as irritações quando estava lá.

Eu agora já não vou lá. Mudou muita coisa, mas eu fiquei...parado. Parado, com o tempo dentro de mim parado. O meu tempo parou. 

Tu brilhas. E tens um calor bom. 

Eu estou para aqui despedaçado. Porque estás tão diferente?

Eu às vezes gostava de te tratar bem. Era fácil contigo. Tu agradavas a todos e gostavas de fazer as coisas, sem eu sequer pedir. Isso eu gostava, quando te tratava bem. Miga vais fazer isto ou aquilo.

Mas podia ter havido mais. Tu sabes que quando via certos filmes, eu chorava. Mas chorava mais por dentro. Eu nunca punha cá fora o que sentia. Que medo de fazer isso.

Agora vou sentindo. Já não estou irritado (lembras-te eu andava sempre irritado). Eu complicava a vida dos outros.

Se víssemos os dois um filme daqueles, eu ia chorar para fora só para te mostrar que contigo posso fazer isso. Tu sempre foste igual para mim. Quando estava chateado ou alegre. Tu sempre gostaste de me agradar. Eu nunca percebia isso quando estava irritado. Isso e outras coisas. Tanta porcaria de irritação que me deixava cego e as coisas bonitas eu não sentia nada. Porque ou tinha parado de me irritar ou já estava a começar.

Estás tão calado. Só emites esse calor, que eu cada vez gosto mais...Porque eu não sentia isto antes. Sempre gostei de estar contigo. Sempre tiveste uma coisa boa dentro de ti. Diferente de todos. Sempre foste muito obediente.

Vou falando diferente e sentindo tudo diferente. 

Roupas já não são as minhas e até as costas estão normais. Vejo mais Luz em ti. Porquê que eu ganhei tanta revolta dentro de mim? Eu achava que a minha revolta tinha razão. Quando eu estava irritado, a razão estava sempre do meu lado. Porquê que eu fazia isso? Já nada me dói e revolta já não sinto, e consigo agora dar valor ao teu carinho.

Eu tinha isso dentro de mim, mas não acreditava que isso era para colocar cá fora. Os outros iam pensar que era fraco. Eu com as minhas irritações é que cresci na vida. Mas isso agora está tudo diferente. Porquê que me sinto de maneira diferente? Aquele corpo que eu tinha já não tenho.

E porquê esta Luz toda tão linda que nos envolve? Estás com aqueles olhos de carinho.

Vais fazer o quê a seguir? Tenho medo de não conseguir fazer. O que os outros vão dizer? Não estou com os outros? Então onde foram todos? 

Ah...então sempre há isso. Eu sempre recusei mais alguma coisa depois...

Tudo acaba ali no meio das tábuas, debaixo do chão.

Começo a dar um valor diferente ao teu jeito, a estas Luzes tuas. Fico contente por teres vindo aqui ter comigo. Muita confusão com o que sabia e o que estás a passar. Como é que posso estar a ser uma coisa que eu nunca acreditei e tu não ficares aborrecido comigo. Ficavas zangado é para eu deixar de fumar. Mas eu só não era capaz de deixar de fumar. 

Agora percebo melhor os que me irritavam. Tantas parvoíces. Sabes, eu não vivi, eu irritei-me.

Tens uma Luz contigo que eu não conheço. Tu és outro. Tu és o que tinhas dentro de ti. Passas-me tanto que eu fico zonzo. Gosto de sentir os dois, parece que tenho de ficar nesta forma, a habituar-me.

Não demores. Não me deixes sozinho. Depois não sei o que fazer.

Não demores...

 

2º Tratamento  -  15/10/2012

“Antes era o desconhecido.

Eu tinha-me esquecido de mim próprio.

Agora já tenho dúvidas. Já desejo outra coisa, outro estado.

Há alguma coisa a puxar-me para cima, que diz haver outra situação melhor, diferente. Uma situação depois desta.

Só a ti te posso pedir, traz aquele calor que me fez ficar assim.

Assim noutra maneira diferente; do homem perdido, do tempo parado.

Até o ficar só já não me faz confusão, porque sinto que estás perto e que vocês me ouvem.

Há uma importância no ar. Sinto que há coisas a fazer e que vocês me podem ajudar. Isto é um caminho obrigatório. Parado morre-se.

Tão leve que isto é. Hoje tens mais calor e sinto esse calor todo em mim.

Vou poder chamar sempre por vocês? Essa energia que vem de vocês é mais do que energia.

Com vocês, eu gostava de ver tantos filmes de chorar.

Ver alguém assim ao teu lado, assim tão cheia de tudo.

Vou subindo mas continuamos juntos. O que está cada vez mais junto é o que sinto por ti. Mas é tão claro e definido, sem dúvidas, sem irritações.

Eu agora posso estar sempre diferente, sempre tão calmo.

Como é que passam isso tudo para mim?

Vocês têm uma força, mas não é a força que eu conhecia.

Essa força é tão doce.

Agora começo a perceber que isto que eu vejo é Luz. Brilha tanto!

Até parece que nunca tinha visto Luz, mas esta não é igual.

Brilha tanto e eu sinto o brilho. Até parece que faz cócegas.

Se tiveres que fazer, não faz mal, a Luz cuida de mim.

Vai, vocês têm que cuidar de muitos.

Dá-me um abraço.”

 

3º Tratamento - 26/10/2012

“Eu vivia uma energia que incomodava a mim e aos outros.

Nesta é tudo solto. Fico estranho assim.

Porque é que eu carregava tudo aquilo dentro de mim?

Eu agora sei que não gostava e que os outros não gostavam de mim assim.

Aquilo que eu metia para dentro que sufocava.

Quando via os filmes tristes, os filmes que emocionam.

Aquilo aqui não está mais. Aqui basta sentir e acontece.

E as pessoas que passam na minha mente. A necessidade que tenho de lhes dizer que aquilo já não sou. Que sinto vergonha. Se todos eles soubessem que eu agora sou outro...

Tu podes dizer isso a todos?

Sabes? A alegria que me davas, que sinto, conseguia esquecer tudo isso.

Apagar da memória. Mas é um apagar descansado. De ter percebido que podia ter levado todo o tempo a ser como sou hoje.

Se eu tivesse sido como sou hoje... Teria sido uma vida diferente.

Eu estava bem, vinham os problemas ou os outros com problemas e eu não conseguia entender aquilo de outro modo. Eu só reagia mal.

Porque por dentro, tu sabes! Eu tenho a certeza que tu me conhecias por dentro.

Estas coisas do nosso interior são muito mais sérias do que pensava.

É como se passassem rios de luz. Eu penso, fico consciente e apanho um. E outro e outro...

Quanto mais viagens mais sinto o calor dos dois.

Aqui tenho todo o tempo. Tempo para ficar parado.

Quanto mais parado, mais sinto o meu interior e é aí que mais de tudo acontece."

 

4º Tratamento - 23/11/2012

“Agora as coisas passam-se dentro da minha cabeça, da minha energia.

Agora, o mais difícil, é ter esta certeza de que fazia algumas coisas erradas. Agora o que me magoa é saber que podia ter sido, com o que sinto agora.

A mágoa que deixa é de querer que o tempo voltasse atrás. Mas aqui nada volta atrás. Os rios de luz  correm e pronto.

E no fim do próximo já vou entender melhor que a mágoa pode ser substituída por compreensão.

Compreensão. Compreender os outros e ser compreendido.

Aqui a sorte é que não tenho estômago para dar a volta (risos)

O que fazes agora, parece que podias fazer quando eras pequeno. A tua energia é a mesma. A de querer ajudar todos os outros.

Não podemos ser parvos, dizia eu. Parvos são aqueles que não se esforçam por mudar.

Agora entendo a diferença dos que como tu, que pretendem ajudar todos e aqueles que pretendem que todos os ajudem. A diferença que existe nestas pessoas.

O que desenvolvemos dentro de nós, para vencer na vida. E temos o desplante de dizer que é vencer na vida. Então eu a magoar os outros, a mentir, a enganar, a aproveitar-me dos outros, acho que isso é vencer na vida?

Olha, aqui gente dessa, estaria morta.

Vocês com tanto carinho. Fazem-me sentir importante. Importantes, são os que recebem carinhos, sem pedirem, sem pagarem, sem a troco de nada. Isso na realidade é ser importante.

Esta era uma questão muito forte em mim. Eu nasci a acreditar que tínhamos que lutar para ser importantes. Sem olhar a nada.

A gente tem é que se desenrascar, aprendi. Importante a troco do quê? Ser importante sem olhar, a troco do quê?

Vivemos enganados. Enganando os outros e quanto mais enganamos os outros, mais nos enganamos. Só para os outros nos verem pessoas importantes.

O que é preciso ter no interior para precisar disto a qualquer preço?

Eu sei que já não quero ser aquelas coisas todas outra vez. Agora sinto-me no Céu.

E já agora, aqui somos todos verdadeiramente importantes.

Agora eu reconheço que o verdadeiro eu, era quando num escape ou outro, tinha desejos de ajudar a troco de nada. E sentir prazer nisso.

Este rio que está a passar é tão lindo, tão tranquilo.”

 

5º Tratamento - 30/01/2013

“Fico a toda a hora a lastimar os que têm fome, os que não têm que vestir, as maldades e todos os horrores que se praticam a troco da “bela vida”. Oh vida a quanto obrigas!

Como se consegue passar por uma criança descalça com frio no chão, com aquele aspeto que parte corações; passar sem qualquer emoção crescer? Como e isso possível?

Como não se arrancam aqueles pezinhos do chão e se agasalha e se conforta. Ele é igual a um filho nosso, sente o mesmo frio e a mesma fome. As lágrimas que correm, também. E aquele olhar de vida perdida.

Como saber que existem e continuar a trabalhar para o aumento destes casos? Como não chorar com eles? Como estar aqui agora, a sermos alimentados e confortados com tantas luzes; e poder daqui ajudar esses todos.

São muitos. São muitos pezinhos, são muitas barrigas vazias.

E o maior problema na Terra é a subalimentação! Isto eu não consigo entender. Então uns ficam doentes por comer de mais e outros por comer de menos…morrem?!

E somos nós seres inteligentes, e tiramos cursos de doutores e há tantos livros, tanta ciência tanto de tudo e do melhor, e eles continuam a procurar nas lixeiras. Filhos iguais aos nossos a arrancar comida do chão quase podre, para matar a fome; para conseguir dormir.

Quem somos nós, que alimentamos um estado destes? Que passamos o dia a falar dos jogadores, de fortunas, de carrões e viagens, de pessoas muito importantes. Quem somos nós?

Eu na Terra também fui egoísta como muitos. Também olhava para o lado. Sofria e engolia. Mas daqui, com uma nova consciência, eu digo basta.

Há muitos aqui, milhares iguais a minha consciência. Isto vai mudar.

Tudo o que é errado, propositadamente desequilibrado vai parar. E digo isto com a mesma emoção, a emoção não muda. A consciência sim.

Tu também podes aí mudar a tua. Nós estamos todos a caminho.”

 

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