Joana Cipriano
(de Portimão, do famoso caso Joana, assassinada pelo tio e pela mãe em Setembro 2004)
1ª Tratamento, 28/12/2012
"O tempo que leva, o tempo que arrastam, que deixa de ser tempo, até tudo acabar.
O tempo frio do medo. O medo quando se aproximam.
Quando pensava que se aproximavam. Este meu terror.
O problema é enquanto temos consciência. Enquanto estamos acesos.
Depois quando a pancada é maior.
Quando a inconsciência chega.
Quando o momento sagrado chega.
Quando as forças invisíveis nos acodem.
Quando a salvação chega.
Quando as dores físicas acabam.
E se mantêm neste tipo de mente.
Se mantêm presas em nós.
E agora que a salvação chegou.
Quem me pode ajudar a esquecer?
A tirar o sofrimento das memórias que continuam a viver dentro de mim?
Se antes ninguém me acudia.
Este receio do que me chega. Este pânico que ficou.
Sinto que algo chegou a mim, mas medo não é. E dor não é.
Chegar alguma coisa a mim que não me agride?!
Para mim um movimento que chega é dor no meu corpo.
Se a salvação tivesse vindo mais cedo.
Estas energias que chegam, não as vejo, mas conforto sinto.
O que é isto de me confortarem? Isto existe?
Com o passar do tempo, a própria consciência já se tinha alterado.
Parece-me que o medo, a dor, alteram a própria consciência.
Até já a minha consciência tinha medo daquilo.
Isto é tudo novo para mim.
Confortam-me sem pedirem nada em troca e não me sinto invadida.
Todo o meu corpo só conhece invasão. O meu nome é sofrimento, que não descansa. Pára uma, vem outra. Descansa um pouco o corpo, mas está na mente. Parece que na mente ainda dói mais. Sofrimento que dura. Que vem para ficar, que já não entendo quando começou e se vai parar alguma vez.
Digam-me. Já não me vão tirar daqui?
Aqui sabe bem. O conforto é tão saboroso.
Pareço ter esquecido este prazer simples de qualquer um de nós.
O prazer do conforto da vida. De olhar e receber um carinho. Que nos agarrem com ternura. De nos sentirmos como agora. Protegida.
Carinho sem nada em troca. Chegou o meu carinho que nada pede.
Esta agora é a verdadeira salvação. Deixem-me ficar aqui.
Que ninguém me diga nada. Não preciso de nada, de ninguém.
Só preciso de me acostumar a que nada chegue a mim.
Aqueles que não me acudiram na dor, serão os mesmos que agora não me entendem. Eles no fim só percebem, se corre sangue, se houve corte ou pancada. E aí tudo pára para eles.
Então eu antes não existia e agora sou um caso encerrado. Só porque já não corre sangue. Corre sangue, corre tinta nos jornais. Isso para mim não importa, eu continuo a existir.
A mesma ignorância, agora a não me entender. E parece-me que vocês só acordam na hora da porrada, no momento da minha dor, das nossas, de milhares enclausuradas entre quatro paredes e um teto.
Não corre sangue, não corre tinta.
Será que o medo que eu tinha é igual ao vosso? De vos chegar "às mãos" casos como o meu. Depois fazer o quê? Enterrar? Ou enterras na tua mente? Estou a falar contigo! Não me voltes as costas! Não escondas dores. As dores são horríveis. Não escondas a dor da tua vizinha, que quando o seu grito corta a escuridão da noite, tu voltas a cabeça para o outro lado. Que chatice! Acordou-te, não foi? Sabes que há milhares que não conseguem dormir entre uma porrada e um corte?"
2ª Tratamento, 05/01/2013
"Se eu contasse, que não os vejo mas sinto-os a tratarem de mim.
Tanto carinho. Parece que me andam a lavar a alma. Dizem que os sofrimentos ficam presos na alma. Sinto que há mesmo muito para lavar. É que depois de ter parado, as reações ficam em nós.
E eu às vezes até sinto tudo e reajo como se estivesse novamente lá. Continuo a reagir aos que fizeram e aos que nada fizeram.
Aos que tudo fazem, direta ou indiretamente, para que continue a haver Joanas por todos os cantos.
Acho que a maior limpeza em mim, é agora ir-me habituando a reagir com sorrisos a todo o carinho que me chega.
Habituei-me a que, à chegada de pessoas a mim, significasse sofrimento. É que o sofrimento muito forte enterra-se muito na nossa consciência.
O carinho, o amor que me passam, a sarar as feridas da alma.
Se um dia for lá a baixo outra vez, vou lutar para defender todas as Joanas e prender os que lhes fazem mal, ou vou ajudar aqueles que fazem mal às Joanas? Dar-lhes condições para perceberem dentro deles, para distinguirem entre o sofrimento e o carinho. Ensiná-los a sentir o carinho a funcionar dentro deles.
O que posso aprender eu onde estou? A depois de tudo isto, querer ajudar aos que fazem coisas daquelas.
Se eu deixar ser, a energia de amor que me chega a prevalecer e não a energia das minhas memórias. Se essa decisão vencer em mim.
Se for esse o caminho que eu escolho."
3ª Tratamento, 14/01/2013
Ser de Luz
A energia com todos, elas e eles é de carinho, compreensão, por todos. Os que fazem e os que recebem. É esta energia que tudo entende, que dá a possibilidade do agressor mudar a sua energia.
Nós temos de tratar os agressores antes de o serem.
O amor e o carinho tem que contaminar todos, para que Joanas possam em casa ou na rua, de dia ou de noite, sentir liberdade no peito, alegria na vida e haver segurança de ninguém necessitar de fazer mal a outro irmão.
Agora que ela está entre nós, com toda a energia da experiência, é hora de trabalhar a ensinar a pequenos e grandes, a força do amor, a grandeza da liberdade.
Joana
"É que as pessoas antes de serem aquilo, são pessoas normais a sofrerem agressividades e elas não se aguentam.
Não se esqueçam que ao vosso lado, o vosso pai, mãe, irmão, amigo, podem ser no futuro "Tios da Joana". Todos podem vir a ser agressores, se continuares nessa ganância de amealhar para o Inverno, para a velhice, se continuares a vibrar a ganância e a inveja, para a ganância funcionar. E a agressividade para o outro derrubar.
Tu não entendes que podes "lutar pela vida", não lutando contra os outros?
Tu não precisas de lutar contra ninguém, luta contra a tua preguiça.
Luta contra o errado em ti.
Há lugar ao sol para todos.
Há lugar na Terra para todos.
Há Luz na Terra para todos.
Não afugentem a Luz.
Que cada um colha a Luz que tem direito.
Se mais desejares, aumenta em ti a capacidade de receber com muito carinho."
Mensagens canalizadas por José e Palmira
